sábado, 31 de dezembro de 2022

Retrospectiva 2022 e planos para 2023


Olá a todos!

Nessa minha última postagem de 2022, venho fazer uma retrospectiva desse ano e anunciar o que tenho planejado para o próximo.

2022
Embora não tenha conseguido produzir tudo o que pretendia para esse período (com destaque aos itens mencionados em minha postagem anterior), considero-o positivo e muito significativo. Afinal, meu blog existe há vários anos e, em muitos destes, tinha ficado completamente parado enquanto dedicava meus esforços ao meu trabalho. Com a melhora nas minhas perspectivas ao final do ano passado, optei por finalmente voltar a escrever nele e o resultado foram 9 publicações gerais, 1 artigo e 2 ensaios. Se por um lado essa foi uma produção bem abaixo daquela que eu vislumbrava em 2021, a significância de voltar a escrever é importante - como alguns dizem, em realizar qualquer tarefa, o primeiro passo é o principal.

Além dos escritos, fiz algumas das minhas contribuições em vídeo para o meu canal no YouTube, uma completa novidade em minha vida e uma certa vitória contra a timidez (eu dificilmente teria feito isso com a mesma facilidade e entusiasmo nos tempos de escola). Com isso, minha conclusão é que, mesmo que a quantidade de obras não tendo sido elevadas, foi um ano positivo e estou grato a Deus por ele.

Para quem perdeu o lançamento de alguma das minhas obras publicadas, estas foram:
  • Pesquisas sobre aumento salarial, saúde e vida íntima (link)
  • Alguns artigos sobre a economia no governo petista (link)
  • Algumas novidades sobre habitação e construção civil (link)
  • Algumas dicas sobre investimentos, aquisição de habitação e de veículo (link)
  • Dicas e conselhos para uma vida melhor (link)
  • Sobre Kim, Monark, nazismo e marxismo na política brasileira (link)
  • Aquecimento global/mudança climática: críticas e respostas (link)
  • Links sobre igualdade e desigualdade (link)
  • Links sobre redistribuição de renda e de riqueza (link)
  • Dois derrotadores contra a ideologia esquerdista (link)
  • Sobre cristãos fãs de Jair Bolsonaro (link)
  • Sobre algumas das justificativas ruins sendo usadas para votar ou não em Bolsonaro ou Lula em 2022 (link)
  • 3 ideias sobre eleições (link)
  • Pregação 7 - Cristianismo e eleições (link)
  • Comentários sobre o 2º turno para os indecisos e os anti-petistas (link)

2023
Para 2023, meu maior objetivo é publicar os materiais que tinham sido previstos para 2022 e também novos artigos, estes provavelmente focando na área da epistemologia (teoria do conhecimento). Tomei essa decisão porque conclui que muitas das discordâncias que temos nos debates políticos, filosóficos e afins se dão por falha nos fundamentos dessa área, i.e.: não sabemos direito quando que devemos acreditar ou não em alguma afirmação. Por isso, escreverei algumas obras expondo minha maneira de pensar sobre esses "fundamentos da formação de crenças e conhecimentos" visando estabelecer essa base aos meus leitores em preparação para minhas obras futuras.

Além disso, também pretendo voltar com as publicações temáticas compartilhando conteúdo alheio organizado por temas, algo que só voltarei a fazer após ter organizado todo o material que salvei para compartilhamento nos últimos anos. Por fim, pretendo lançar uma série de postagens semanais contendo os principais conteúdos que li naquela semana especialmente sobre política nacional. A ideia é isso servir de uma certa base ou biblioteca contra o famoso problema da "memória curta", aquele em que os males cometidos pelos nossos representantes são rapidamente esquecidos. 

Meu sincero desejo é que todo esse conteúdo a ser publicado venha a ser bênção na vida de todos vocês! No mais, desejo a todos um abençoado ano novo de 2023!

Momergil

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

Atualização sobre 2022


Olá a todos!

Como alguns talvez perceberam, eu dei uma pausa na escrita das publicações semanais durante esse ano. O motivo é organizacional: no longo tempo que passei sem nenhuma postagem, acabei por acumular muito conteúdo a ser compartilhado aqui e que não está devidamente organizado. Como seria impraticável ficar publicando uma postagem para cada item e as coletâneas que adotei no início do ano não foram o suficiente, optei por fazer listas de compartilhamento (por exemplo, a sobre redistribuição de renda e de riqueza), o que me levou a optar por primeiro organizar tudo e só voltar a postar depois disso.
 
Devido a essa decisão e à quantidade de material a ser organizado, é improvável que volte a fazer esses compartilhamentos neste ano. Em compensação, pretendo postar ao menos 3 novos conteúdos próprios antes de 2023: uma necessária revisão do meu primeiro artigo sobre a falácia da igualdade, a segunda parte do meu ensaio sobre cristãos fãs de Jair Bolsonaro e um pequeno ensaio sobre o conceito de "filosofia".

Enquanto essas novidadades não chegam, sugiro conferirem os materiais em vídeo que publiquei sobre as eleições deste ano. 

Tenham um bom dia e até a próxima,

Momergil

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Comentários sobre o 2º turno para os indecisos e os anti-petistas


Olá a todos!

Pouco antes do segundo turno dessa última eleição, eu postei um vídeo no meu canal do YouTube fazendo alguns comentários que poderiam ser úteis para aqueles que ainda estavam indecisos quanto a votar em Lula ou Bolsonaro para presidente. Após, apresentei algumas observações que poderiam ser benéficas para aqueles que são "anti-petistas" em caso de vitória do primeiro.

Com as eleições encerradas, o argumento contemplado já não será mais útil para uma tomada de decisão, porém a reflexão que segue ainda poderá ser útil em trazer consolo e um pouco de paz àqueles que não estão felizes com a volta do Partido dos Trabalhadores e de Lula ao poder. Assim, sugiro que ainda vale à pena conferir esse material postado em "última hora" mesmo que o ápice do evento já tenha passado. Segue:


Tenham um bom dia e até a próxima,

Momergil


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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Pregação 7 - Cristianismo e eleições



Olá a todos!

Hoje publiquei minha primeira pregação online (mas sétima no total) falando sobre o tema "Cristianismo e Eleições". Nela exponho algumas opiniões sobre como cristãos deveriam agir diante da escolha em quem votar além de algumas observações sobre o tratamento dado aos temas políticos por muitas igrejas brasileiras. O vídeo foi colocado no YouTube e pode ser visualizado abaixo:



Tenham um bom dia e até a próxima,

Momergil


(Se gostou, não se esqueça de compartilhar!)

domingo, 2 de outubro de 2022

3 ideias sobre eleições


Olá a todos!

Venho compartilhar um material opinativo que publiquei recentemente no YouTube e redes sociais contendo 3 ideias sobre eleições:


Espero que ele sirva para ajudá-los a refletir melhor quanto a como votar não apenas agora em 2022, mas em todas as eleições seguintes.

Tenham um bom dia e até a próxima,

Momergil


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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Sobre algumas das justificativas ruins sendo usadas para votar ou não em Bolsonaro ou Lula em 2022



Olá a todos!

Há alguns anos atrás, eu publiquei um pequeno ensaio comentando sobre a lamentável falta de qualidade de alguns argumentos favoráveis ao voto em Dilma Rousseff nas eleições de 2014. Sem surpresa, as campanhas eleitorais deste ano nem tinham começado e eu já estava vendo um bom número de justificativas ruins para votar ou não nos principais candidatos do momento: Bolsonaro e Lula.

Visando fazer alguma contribuição na direção de diminuir esse problema, escrevi o presente ensaio para auxiliar os leitores a entenderem o porquê alguns dos argumentos sendo apresentados são ruins. Em alguns casos, aproveito para dar algumas sugestões de como uma avaliação melhor poderia ser feita.

Como esse assunto ainda está em andamento, é provável que este trabalho sofra alterações até o fim das eleições. Para ouvi-lo, há uma versão em áudio lida por mim que pode ser acessada clicando aqui.

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Nos processos eleitorais, os cidadãos envolvidos precisam fazer uma escolha sobre qual será o governo que conduzirá a sua nação, estado ou prefeitura nos anos seguintes. Neste contexto, é normal que alguns argumentos sejam apresentados pra justificar o voto pessoal em alguma das opções disponíveis. Porém, como costuma acontecer em qualquer outra situação, nem sempre estes argumentos são tão bons quanto seus defensores acreditam.

Mas o que consiste num argumento ruim? O que faz ele não ser bom? De modo geral, é plausível pensar que qualquer um que apele pra afirmações falsas se enquadre na categoria, porém pode ser um pouco mais complexo do que isso: "meias verdades", inferências logicamente inválidas ou considerações irrelevantes (o que filósofos chamam de ignoratio elenchi) também podem tornar uma justificativa aparentemente convincente numa razão ruim pra respaldar uma conclusão.

Embora há várias maneiras de falhar, podemos distinguir entre aqueles argumentos que são meramente ruins daqueles que são péssimos. Enquanto que o primeiro pode conter um erro que é mais compreensível (talvez porque não contempla uma informação importante difícil de se conseguir, ou porque se baseia sobre uma inverdade muito acreditada, ou porque o assunto é avançado e erros acabam sendo normais e até esperados, ou ainda por outras razões), o segundo tende a ser bem menos aceitável, por vezes tornando seus defensores dignos de críticas por aparente "preguiça de pensar". Estes argumentos ruins estão normalmente associados a alguma falha evidente de percepção, a alguma afirmação evidentemente falsa ou levantam questões que não são nem um pouco relevantes para a situação em questão (um exemplo aqui seria escolher um candidato por achá-lo bonito).

Com isso em mente, segue alguns dos piores argumentos que testemunhei nos últimos meses sendo usados pra justificar voto ou não nos dois candidatos com maiores chances de vencer as eleições deste ano: Jair Bolsonaro e Lula.

Jair Bolsonaro: Favoráveis

1) Ele me deu auxílio emergencial de R$600 quando eu precisava durante a pandemia e agora mais um tanto com a PEC das Bondades

Um fenômeno já notado é o aumento da popularidade e intenção de voto em algum candidato à reeleição após ele conceder algum "pacote de bondades", uma medida beneficente com os ares de "dinheiro de graça". Assim, logo após o governo federal ter começado a repassar o auxílio emergencial durante a recente pandemia, pesquisas indicaram aumento da popularidade de Jair Bolsonaro. Não à toa, tendo várias pesquisas apontado a derrocada eleitoral do presidente, recentemente o governo conseguiu aprovar a "PEC Kamikaze" que concede mais benefícios à população num ato que tem marcas de ser mais eleitoral do que altruísta (convenhamos, não é como se Bolsonaro fosse conhecido por ser amoroso).

Tendo isso em vista, onde está o erro? Primeiro, está no fato de que não há nada de especial em ele ter feito isso: a julgar o histórico brasileiro e também o apoio quase irrestrito dos diversos partidos no Congresso, incluindo do PT, é perfeitamente plausível supor que quase qualquer outro governo que tivesse sido eleito estaria a fazer a mesma coisa neste momento. Ou seja, não faz sentido vincular esse dinheiro a Bolsonaro como que pensando: "como ele me deu esse dinheiro, vou votar nele porque ele é bom pra mim e os outros, não".

Afora isso, há também a já mencionada presença de traços eleitoreiros em tal medida. Se essa foi mesma a intenção, votar nele por ter ganho o auxílio é praticamente equivalente a "cair na armadilha", não exatamente sinônimo de esperteza ou de uma pessoa fazendo um voto direcionado a um candidato decente.

Por fim, lembro que a proposta original de auxílio do governo enviada ao Congresso era de R$200; os demais R$400,00 foram acrescidos por este e de forma contrária à vontade daquele. Assim, na melhor das hipóteses, Bolsonaro teria crédito por no máximo 1/3 desse benefício.

2) Ele é honesto

Alguns justificam seu voto apontando para uma suposta honestidade em Bolsonaro. Esse atributo pode ser definido de mais de uma forma, mas parece que o sentido mais usado é como um oposto à hipocrisia: uma pessoa assim não se mostra com uma fachada, mas revela publicamente como é, ou seja: alguém verdadeiro, que não dissimula, engana, trapaceia, e portanto confiável, leal, sincero. Sendo tudo isso uma virtude, diz o argumento que seria bom votar no presidente por ele possuir essa característica.

Agora avaliemos primeiro supondo que Bolsonaro seja realmente assim. Aparentemente, mesmo que esse fosse o caso, tal argumento seria ruim simplesmente porque honestidade só é uma qualidade relevante tudo o mais igual, ou seja: se a pessoa for genericamente boa no resto, então honestidade se somará a isso, porém, se não for esse o caso, de pouco ou nada adiantará ser assim. Para exemplificar, peguemos o clássico "vender a alma pro diabo": se Lúcifer se aproximasse de alguém propondo "fama, poder e grana" em troca de sua alma, porém logo lhe notificando que as bonanças durariam pouco tempo e, em seguida, o mesmo morreria dolorosamente e passaria sua eternidade no inferno, teríamos aqui um sujeito sendo honesto. Ora, isso significa que Lúcifer seria bom ou que sua proposta passou a ser boa simplesmente porque ele foi verdadeiro? Naturalmente que não: um demônio honesto continua sendo um demônio e uma proposta ruim apresentada honestamente continua sendo uma proposta ruim. Ou seja: mesmo que Bolsonaro não seja um enganador ou trapaceiro, isso não significa que ele seja uma pessoa boa que fará coisas boas com um governo bom cheio de propostas boas. Pelo contrário: ele pode ser verdadeiro em toda a sua ruindade tal qual um demônio honesto. Com isso em mente, podemos concluir que essa virtude importa pouco a um candidato político, antes, é melhor que se tenha uma pessoa genericamente correta com boas propostas, porém eventualmente "duas caras", do que alguém todo errado e cheio de propostas ruins, porém honesto. Afinal, não é a honestidade de um político que determina se ele vai ajudar ou prejudicar uma nação, mas os seus atos quando no poder (talvez uma forma prática pra um bolsonarista visualizar essa situação seria se perguntando quanto ao que é melhor: um socialista verdadeiro ou um capitalista insincero).

Portanto podemos concluir que honestidade é boa e desejável, porém está longe de ser uma característica prioritária a um político. Mesmo que o presidente seja assim, isso não terá quase nenhum valor se ele for uma pessoa ruim com uma proposta de governo equivalente. Mas será mesmo que Bolsonaro é verdadeiro e doravante confiável ou leal? Mas é claro que não! Como notado em outro texto, seu atual governo foi sistemicamente marcado por ter divergido de sua propaganda eleitoral em 2018, ou seja, o presidente prometeu governar de um jeito (bom) e acabou governando de outro (ruim). Ou seja: se há uma coisa que Bolsonaro não é, é confiável ou leal. 

Consideremos alguns exemplos de diferenças entre fachada e realização:
  1. Postura favorável à Lava Jato: após eleito, não deu apoio algum a essa operação e ainda celebrou o seu fim (lembrando que o caso das "rachadinhas" que envolveu a sua família surgiu de um desdobramento da mesma);
  2. Luta contra a corrupção em geral: enfraqueceu o pacote de medidas contra a corrupção proposto pelo Ministério da Justiça sob Sérgio Moro;
  3. Criticou o "Mensalão" com o qual o PT gastou 101 milhões pra comprar voto de parlamentares: já gastou mais de 50 bilhões pra fazer o mesmo com o "Bolsolão"; 
  4. Redução de ministérios dos então 29 para em torno de 15 e sem indicações políticas: hoje temos 23 de facto e com ocupação política;
  5. Fim da reeleição: não só continua, como pretende se reeleger e já falava nisso já nos primeiros 4 meses de mandato;
  6. Fim do foro privilegiado: nada fez pra removê-lo, condição que atualmente beneficia filhos investigados na Justiça;
  7. O fim do "toma-lá-dá-cá": implementou especialmente após pedidos de impeachment começarem a acumular no Congresso;
  8. Acabar com indicações políticas, estabelecendo ministérios técnicos: removeu ministros da saúde que eram técnicos por terem-no contrariado e colocou quem nada tinha a ver com a área (Pazuello) em prol de se submeter à sua agenda. Também colocou outros ministros que tinham pouca ou nenhuma relação com os ministérios, como foi o caso da sequência do MEC. Também indicou Aras para PGR contrariando a lista tríplice apresentada pelos especialistas e que desde então tem o protegido.
Com tudo isso em mente, não vejo como seria plausível concluir que o presidente é honesto sem que se esteja completamente alienado dos noticiários ou fazendo uso de outra definição pro termo em questão. A conclusão aqui é que a afirmação não se aplica e, mesmo que se aplicasse, ainda assim estaria longe de ser uma boa razão para votar em Bolsonaro.

3) Eu sou cristão e ele é o candidato do Cristianismo: Deus, família, pátria!

Esse argumento é péssimo por ao menos três razões.

Inicialmente ter um candidato defensor ou representante do Cristianismo parece ser algo bom (soa a algo bom), ao menos olhando por uma ótica cristã (e esse argumento assume essa perspectiva, então é o ângulo sob o qual deve ser avaliado). Porém o que isso realmente significa? Esse tipo de comentário é ambíguo e, portanto, a menos que venha acompanhado de algum detalhamento, terá pouco valor. Por exemplo: está-se dizendo de um candidato que professa essa fé? Que vai a uma igreja? Que professa uma certa linha interpretativa dessa fé (por exemplo, conservadorismo)? Que pretende propor leis que estarão em linha com os seus ensinos? Que vive uma vida de acordo com os mandamentos dados por Jesus e seus apóstolos? Fazendo-se essas perguntas pode ficar mais claro de ver como ser um "candidato do Cristianismo" pode significar desde coisas relevantes e positivas para um cristão até completamente inúteis. Afinal, do que adianta alguém professar essa fé e viver de forma indiferente aos seus ensinamentos? Orar um Pai Nosso aqui e ali odiar metade de um país porque possui uma ideologia oposta e não lhe dá votos? Visitar uma Marcha pra Jesus e depois comprar votos no Congresso via "Bolsolão" para escapar de impeachment? Indo mais ao ponto: parece evidente que é melhor um ateu que faz a coisa certa do que alguém que professa uma fé boa e não a segue. Portanto, a primeira coisa a se questionar é "que Cristianismo é esse que há em Bolsonaro" e, com isso respondido, talvez se conclua que o que há nele tem pouca valia.

Segundo, falar em "Cristianismo" e seguir com "Deus, família e pátria" não soa bem. Normalmente quem professa esse "trilema" são conservadores cristãos, defensores de uma visão política que formalmente abraça essa fé sem que realmente seja assim (dizendo de outra forma: é uma interpretação e aplicação política que surgiu 1600 anos após Jesus e que se diz alinhada a essa religião sem que necessariamente esteja). Peguemos, por exemplo, a questão da "pátria", uma clara referência a patriotismo. Este valor está mais pra secular do que cristão: uma simples conferida no Novo Testamento, talvez especialmente em Romanos, já mostra que não há muito disso no Cristianismo, uma marca que ficou pra trás com o judaísmo da Antiga Aliança. Esta fé é caracteristicamente transcultural e transnacional pregando uma salvação que é para todos e uma perspectiva de irmandade global unida pela fé em amor, "um só corpo em Cristo". De fato, dificilmente dá pra se defender muito "patriotismo cristão" após ler passagens neo-testamentárias como Paulo em Colossenses 3
"(...) visto que vocês já se despiram do velho homem com suas práticas e se revestiram do novo, o qual está sendo renovado em conhecimento, à imagem do seu Criador. Nessa nova vida já não há diferença entre grego e judeu, circunciso e incircunciso, bárbaro e cita, escravo e livre, mas Cristo é tudo e está em todos." 
Algo similar acontece com o termo "família": claramente isso é algo bom e ensinado na Bíblia, mas quem no Brasil que se opõe a ela? Por que haveria justificativa de se votar em alguém por conta deste tema? Alguns falam em "defender a família", mas defender de quem? De quais ataques? Lendo alguns comentários, parece provável que este seja mais um caso clássico de slogan bonito usado para esconder algo ruim: seja homofobia, seja uma paranoia contra meia dúzia de pessoas que de alguma forma desejam o fim dessa instituição (como foi o caso de Marx). Ora, isso está longe de ser algo preocupante ou mesmo pertinente à fé cristã em ambos os casos. Comecemos pelo segundo item: haver meia dúzia de "antifamílias" por aí a anos-luz de terem poder suficiente pra agir contra essa instituição fortemente enraizada na sociedade brasileira está longe de ser uma prioridade; contanto que algum candidato ou partido não venha a explicitamente defender algo nesse sentido, votar em alguém ou deixar de fazê-lo por conta disso seria uma insensatez indigna da sabedoria de Provérbios e Eclesiastes (dizendo de outra forma, o erro aqui está em sobredimensionar o problema). Já quanto às perspectivas homofóbicas, não parece haver nada no Cristianismo que fundamente qualquer face de homofobia em contexto político: mesmo que se adote uma perspectiva contrária a relacionamento homossexual com base na ortodoxia teológica sobre o tema, não há nada na ética cristã que respalde impor essa perspectiva sobre a vida alheia; se há pecado em tal união, é problema dos envolvidos com Deus e que em nada diz respeito ao Estado ao menos até que envolvam terceiros (vítimas). Ou seja: o que parece haver aqui não é uma defesa de algum sagrado valor cristão, mas do direito de se meter na vida alheia e seus supostos problemas com Deus por intermédio do Estado.

Por fim, mesmo que tudo que disse até aqui estivesse errado, fica uma pergunta final: seria mesmo Bolsonaro um representante adequado de tudo isso? Ao que parece, as notícias deixam claro que não. Quanto a Deus, este indivíduo parece possuir apenas uma fé básica a qual pouco se ocupa em seguir (como comentei em minha obra anterior). Quanto à família, não só há evidências de que a única com a qual ele se preocupa é a dele (já indicado anteriormente), como também não parece ser o caso que alguém que está no terceiro casamento realmente dê tanto valor a isso. O mesmo vale para "pátria": embora afirme patriotismo, seu manifesto ódio por quase metade dos brasileiros, os esquerdistas, "Bolsolão" e outros sugerem que sua preocupação não é com a nação, mas tão somente consigo e com os seus.

4) A maioria dos pastores e grandes homens de Deus brasileiros apoiam Bolsonaro, então este é o candidato certo

A fraqueza desse argumento pode ser inferida à partir da crítica ao anterior onde demonstrei que Bolsonaro está longe de ser um "candidato do Cristianismo". Especificamente o problema é que ser pastor (ou "grande homem de Deus") não significa nada em questões políticas já que estes cargos (ou "status") não se relacionam com essas questões. Em outras palavras, na medida que os conhecimentos necessários para se tornar um pastor não envolvem os temas dos quais a política trata ou envolvem (tais como raciocínio crítico, filosofia e ciência política, história da política, sociologia e economia), é perfeitamente possível alguém ser um grande clérigo ou devoto e, ao mesmo tempo, ter as piores opiniões possíveis sobre esse assunto, algo que parece ser confirmado historicamente com os clérigos que apoiaram figuras políticas questionáveis tais como Hitler ou Hugo Chávez.

Conclui-se, portanto, que na medida em que ser um pastor ou "homem de Deus" não implica, pressupõe ou envolve praticamente nada de conhecimentos políticos ou capacitação para avaliar propostas e fatos da área, a opinião destes enquanto tais sobre quem é o melhor candidato é tão irrelevante quanto a de qualquer outro indivíduo que tenha formação em áreas não relacionadas à política (médicos, engenheiros, pedreiros e afins).

Jair Bolsonaro: Contrários

1) Ele é o culpado por mais de 670 mil mortes por Covid no Brasil, um genocida

Esta crítica apresenta problemas em vários níveis. 

Primeiro, ela parece sugerir que o evento de uma pessoa morrer ou não de Covid19 no Brasil estava (ou ainda está) inteiramente nas mãos do presidente, o que obviamente não é verdade. Ainda que um governante possa ter influência sobre questões de saúde (como vacinação e ações preventivas), há uma série de camadas que separam ou ligam alguém ao seu caixão: o vírus, as escolhas dessa pessoa, e daquelas ao seu redor, etc.. Ou seja, dizer que um certo indivíduo morreu de Covid "por culpa do presidente", como se ele tivesse puxado um gatilho, ausenta de responsabilidade toda uma gama de outros agentes que são tão ou mais responsáveis pelo resultado mortal. Na melhor das hipóteses, Bolsonaro pode ter parte da culpa sobre a morte de alguém.

Segundo, também é insensato dizer que o presidente exerceu influência sobre a morte de todos os que faleceram de Covid19 no Brasil (como que dizendo que ninguém teria morrido se outra pessoa tivesse sido eleita). Como o cenário mundial mostra, mesmo países muito mais cultural e economicamente capacitados que o nosso não deixaram de perder vidas. Além disso, naturalmente muitos brasileiros não deram a mínima pra qualquer fala ou ação errada que Bolsonaro tenha cometido durante o ápice da doença e muitos outros não foram afetados significativamente por alguma ação errada que tenha feito. A conclusão é que botar na sua conta todos os mortos não faz sentido, antes sendo mais plausível usar as estimativas da CPI da Covid que variam entre 120 a 400 mil vidas que poderiam ter sido poupadas tivesse o governo agido melhor.

Por fim, colocar todos os mortos pela pandemia na conta do presidente ignora que se tivéssemos tido qualquer outro vencedor nas eleições de 2018, provavelmente teríamos tido muitas mortes também. Novamente o cenário mundial e que inclui líderes mais capacitados e países mais preparados do que o nosso e ainda assim também tiveram muitas mortes demonstra que também teríamos tido um resultado infeliz, ainda que sensivelmente menor, independente de quem tivesse sido eleito.

2) Os números econômicos de Bolsonaro (PIB, inflação, etc.) são péssimos por sua culpa

Essa crítica falha por assumir a clássica falácia de "correlação não implica em causalidade": apenas porque dois dados aparecem andando juntos em algum gráfico não significa que um seja a causa do outro. De fato, raras são as vezes em que uma análise tão simplista consegue ser útil. O correto aqui é gastar um pouco mais de tempo analisando fatores circunstanciais, como os números eram antes do governo, comparando nossa nação às outras (da América Latina, BRICS, etc.) e observando as ações executadas nacionalmente para só então tirar conclusões sobre o que é culpa do governo e o que não é.

Fazendo isso, minha conclusão é que Bolsonaro e seu governo são parcialmente e gratuitamente responsáveis pelos números ruins que estamos enfrentando, mas não por tudo e tampouco pela maior parte (falo "gratuitamente" porque alguns dos erros cometidos foram totalmente evitáveis). Consideremos em lista alguns fatores que ajudaram e do qual ele não tem culpa:
  • PIB: seu governo pegou uma década perdida em andamento, a maior crise em 120 anos, criada pela gestão petista anterior;
  • Inflação: estando a ocorrer em vários e distintos países (Peru, Inglaterra, EUA, etc.), aumentou em muito por causa da pandemia, tanto pelo estrago que esta causou no setor produtivo como em decorrência das medidas financeiras de socorro, e da guerra na Ucrânia (especialmente sobre os combustíveis, que afeta boa parte da produção);
  • Desemprego: como a série histórica indica, entrou em alta graças ao governo petista (ou seja, já estava piorando desde antes) e aumentou em função da pandemia.
Agora consideremos alguns dos quais ele tem culpa:
  • Dólar: este tende a subir com a saída de investimentos do setor produtivo em busca de aplicações mais seguras, ação que é muito influenciada pela estabilidade política (nem todos querem arriscar seu dinheiro num país que pode "explodir" a qualquer momento). Assim, uma nação com um governo manifestando anseios golpistas e antidemocráticos, que é gerido aos ventos da pseudociência ao invés de cientificamente, que se vende politicamente pra afastar um possível merecido impeachment tenderá a ter fuga de capital em relação a um que é gerido decentemente;
  • PIB: um combate mais efetivo à pandemia, especialmente no que diz respeito a agilizar as vacinações e com mais pessoas envolvidas, teria feito nossa economia voltar à ativa mais rapidamente (o quanto pode ser difícil de mensurar e é plausível que não seria muita coisa);
  • Economia (geral): embora muitas vezes ignorado, vidas possuem valor econômico: pessoas são produtores, consumidores e transmissores de produtividade pras novas gerações. Consequentemente a morte de qualquer pessoa, em especial os mais produtivos, se traduz numa perda econômica para uma nação. Portanto, na medida que o governo foi responsável por mortes evitáveis na pandemia, essa perda econômica também entra na conta da sua culpa. Atualmente a vida de um brasileiro é estimada em 10 milhões de reais (adaptado de estudos americanos e de um artigo sobre o assunto que li e não mais achei). Se assumirmos o valor estimado menor de 120 mil pessoas que faleceram por erro da gestão Bolsonaro, se teria uma perda econômica de 1 trilhão e 200 bilhões de reais. Já com o valor maior, 400 mil, teríamos 4 trilhões perdidos por sua culpa.
Conclusão: Bolsonaro é parcialmente culpado pelos problemas econômicos atuais, mas está longe de ser o único e tampouco o maior.

3) Olhem nossos problemas; é tudo culpa do Bolsonaro

Trata-se de uma versão mais abrangente das críticas dos outros dois pontos, então o que foi dito lá vale também aqui. Apenas acrescento que ela falha por fazer uma análise cherry picking, a falácia de considerar apenas as partes que convém de uma narrativa e ignorar todas as demais. Ou seja, mesmo que todos os nossos problemas fossem mesmo culpa do presidente (e não são, como apontei nas respostas anteriores), ainda assim é errado querer fazer uma avaliação sobre votar ou não nele considerando apenas os seus erros; no mínimo, precisa-se também considerar e avaliar os seus acertos, tanto os "prós" quanto os "contras".

4) Ele/governo dele é corrupto como o Lula, então no que diz respeito a corrupção dá na mesma

O erro dessa crítica está em tratar a questão da corrupção como um "tudo ou nada" ignorando a questão da intensidade, da proporção. Corrupção e criminalidade não são apenas ruins por conta de alguma "estética moral" (o "é feio" que se diz para crianças), mas porque trazem consigo consequências negativas e que podem ser maiores ou menores dependendo do tamanho do erro cometido. Também na própria imoralidade há graduação: há diferença entre mentir uma vez e várias vezes, falar um discurso de ódio e assinar, etc.. Assim, acreditar que há corrupção em Bolsonaro e em seu governo e imediatamente equipará-lo ao Lula e à sua administração é inadequado: precisamos também considerar o quão corrupto um é em relação ao outro.

E é claro que a diferença aqui é gigantesca, ao menos considerando o que temos de informação. De um lado, fica difícil de negar que haja corrupção no atual governo: não só temos situações envolvendo outras pessoas, como o do recente caso do MEC, como também a questão das rachadinhas familiares e que já envolveram o presidente (afora corrupção não-criminosa, como usar a máquina do Estado para efetivamente comprar apoio político de algum grupo). Porém, mesmo considerando o pacote completo de erros, o governo Bolsonaro está longe de ter sido envolvido num poço fundo como o do "Petrolão", possivelmente o maior esquema de corrupção da história do Brasil. Também não há nada equiparável a tríplex e sítios envolvendo o presidente e isso já considerando as "rachadinhas" (que é peculato, não corrupção). Aqui juristas provavelmente acrescentariam que é questionável julgar alguém em definitivo sem que haja um processo formal para avaliar as alegações contrárias. Embora há evidências de crime da parte do atual presidente, a sua situação está longe daquela do Lula que chegou a ser condenado 2 vezes e em segunda instância. 

Como última observação, vale notar que tudo isso considera o que temos de informação até aqui. Pode muito bem ser o caso que Bolsonaro está envolvido num novo esquema de dimensões equiparáveis às do "Petrolão" e nós apenas não estamos sabendo; no caso do Lula e do PT, o segundo mandato do ex-presidente já tinha encerrado quando seus atos vieram à tona.

5) Ele é homofóbico/machista/etc.

Embora seja compreensível que algumas dessas características possam ser emocionalmente pesadas para muitas pessoas aceitarem, optar por não votar num candidato porque ele as expressa é inadequado porque tais posicionamentos têm pouco a dizer sobre a sua qualidade à presidência e sobre o que mais importa: o que o seu governo irá fazer de fato.

Um presidente poderia ser o mais homofóbico do mundo, expressando as opiniões mais ridículas, e contanto que ele não transpirasse isso em leis prejudiciais (como proibir união de pessoas do mesmo sexo), não há nada que gays tenham que se preocupar. Frases preconceituosas soltas e que não dão em nada não são nem um pouco relevantes diante das propostas, leis e decretos que um governo implementa, itens que devem pesar muito mais no processo de escolha. Ou seja: tais características negativas só são um problema real se há grandes chances de serem traduzidas em leis ruins, caso contrário deveriam ser ignoradas em favor aos atos realmente pretendidos. Assim, é preferível que um candidato verbalmente machista seja eleito e melhore a economia do que um feminista no discurso que afunda a nação deixando muito mais mulheres passando fome.

Além do mais, tal tipo de argumentação sugere um egocentrismo onde parece que o sujeito está a dizer que uma pessoa ou governo deve ser eleito não para o bem de toda uma nação (ou seja, para todos), mas para si próprio e o seu grupo tão somente. Todavia, esta perspectiva é inadequada já que os eleitos governarão para todos, tornando plausível que se procure eleger alguém que vai ser bom a todos. Exemplificando com religião, é melhor que se tenha um presidente ateu que desfavoreça religiosos enquanto melhora a economia do que um religioso que concede bonanças às igrejas enquanto afunda a nação em miséria.

Por fim, nota-se que há ao menos um mérito em tal observação, quando verdadeira: possuir essas características em pleno séc. XXI é evidência de limitação intelectual e moral e, naturalmente, é desejável que uma nação possua líderes com mente e coração saudáveis. Porém neste caso o problema não é o ser homofóbico ou machista em si, mas o ser um limitado, algo ruim que tais características evidenciam.

Lula: Favoráveis

1) Ele fez um bom governo, é só olhar os números

Mesmo assumindo que os números citados são verdadeiros (e nem sempre são), esta avaliação positiva é a versão contrária de algumas das críticas feitas a Bolsonaro já tratadas anteriormente e, consequentemente, está sujeita às mesmas observações que foram feitas para aquelas: 
  • Erra ao supor que correlação implica em causalidade;
  • Ignora fatores macroeconômicos (globais) e sua influência na economia nacional (como um período de alta no preço das commodities);
  • Ignora os feitos de governos anteriores (por exemplo, a implementação das três fases do Plano Real que permitiu que o PT governasse com as finanças em ordem);
e por aí vai. Ou seja, é a mesma análise simplista que possui pouco valor. Se o defensor do voto no petista deseja usar a economia como argumento, deve ser capaz de demonstrar que os atos do ex-presidente neste setor foram bons e não automaticamente responsabilizá-lo por tudo de economicamente positivo que ocorreu naquela época. E aqui a expectativa é que qualquer tentativa nesse sentido irá falhar: ao menos um estudo já foi feito demonstrando que o desempenho da era petista em questões econômicas esteve longe de ser surpreendente.

Lula: Contrários

1) Ele é comunista, sua eleição trará o comunismo ao Brasil

Assumindo uma definição formal do termo, essa afirmação não parece ser fundamentada em sequer uma evidência significativa: ele não se posiciona de tal forma e não há nada no seu governo anterior que sugeriu que fosse. Já quando se iguala comunismo a socialismo (duas coisas formalmente distintas, especialmente na ótica marxista), até pode-se sugerir que há sinais de socialismo fabiano já que ele é desenvolvimentista e defende a existência de estatais, mas nada de socialismo marxista é respaldado aqui (dizendo de outra forma, ele está longe de querer estatizar todos os meios de produção). Noto que a evidência que por vezes é apresentada, a das suas relações amigáveis com regimes socialistas, está longe de ser conclusiva já que é possível aprovar alguma coisa boa de um regime ideologicamente alinhado sem concordar com tudo que ele faz.

Porém mesmo que fosse verdade, isso não importaria muito uma vez que de nada adianta defender uma mudança estrutural em uma sociedade que não a permitiria. No máximo, tal inclinação poderia levar a defender alguma proposta pontual aqui ou ali, mas jamais viríamos a ter comunas governando a economia com a população que temos. Fazendo um paralelo, tem-se "Pepe" Mujica, o ex-presidente do Uruguai que é socialista declarado e não implementou nenhuma Cuba em seu país.

2) A eleição do Lula é uma ameaça ao exercício da fé cristã no Brasil

Essa crítica parece emanar de um medo pelo histórico de muitos governos esquerdistas como o da Coréia do Norte, China e a antiga URSS que se voltaram contra o Cristianismo. O que ela ignora é que nem todo esquerdista é antireligioso e que há vários governos dessa ideologia que nunca se opuseram ao culto cristão (ou seja, estão tratando alguns casos como regra geral).

Com isso em mente, é preciso se identificar qual é a situação específica de Lula e do PT: se estão mais pra uma Coréia do Norte ou uma Nova Zelândia. E aqui a situação parece bem clara: Lula é católico, muitos do seu governo e dos seus apoiadores também são religiosos e ele está a lidar com um dos países mais cristãos do mundo. Com tudo isso, seria uma ação completamente incoerente (e estúpida) se ele fizesse algo na direção de ameaçar a prática da religião no Brasil. Tal ação enfrentaria ampla rejeição não só da oposição, mas de sua própria base. 

Por fim, cabe notar que é difícil de imaginar como que o poder político poderia impor gratuitamente uma perseguição ao Cristianismo num país em que há quase uma igreja em cada quadra. Ou seja, o medo de perseguição parece bem infundado e esta provavelmente só ocorreria se a igreja errasse feio em sua missão evangelística.

Ambos: Favoráveis

1) Votarei nele porque fez algumas coisas boas

Este argumento costuma vir implícito quando apoiadores começam a listar meia dúzia de coisas positivas num governo ou na vida política de um candidato. Ele falha primeiro porque ignora o fato histórico óbvio de que praticamente todo governo faz "algumas coisas boas"; nem mesmo Hitler ou Stálin fizeram tudo ruim. Mas se praticamente todos os governos são iguais em "fazer algumas coisas boas", não faz sentido escolher votar em algum candidato em detrimento de outro por essa razão - afinal, se o outro for eleito, ele também fará "algumas coisas boas". Ou seja, ainda que verdadeiro, esta observação falha por ser pouco relevante e por não englobar um fato óbvio do processo de escolha: a de que esta deve ser conduzida pelas diferenças entre as opções e não por aquilo que é comum a elas.

Tendo isso em vista, se a ideia é olhar o histórico de alguém já presente na política (e visando uma reeleição em particular), o que deve ser contemplado é o excepcional tanto absoluto quanto relativo: se o governante fez algo bom que fosse difícil de ser feito, ou de grandioso benefício pra nação, ou se fez algo que seus adversários não teriam feito ou tampouco farão no futuro. Exemplificando com Bolsonaro, há pouco valor em ele não ter aprovado a descriminalização do aborto quando o PT não fez o mesmo em 13 anos de governo e dificilmente fará no futuro tendo em vista a presença de forte oposição nacional à essa mudança.

Além disso, este argumento também falha porque é imperativo que se considere as coisas excepcionalmente ruins que um governo fez: de pouco adiantará algumas coisas boas de um lado e uma avalanche de problemas do outro (sendo que o mesmo que foi dito antes vale aqui: todo governo tende a errar em algum momento, então o que conta é o excepcional seja em quantidade ou gravidade). Dessa forma, não adiantará muito os governos de Bolsonaro ou Lula terem feito algumas coisas boas se estas são contrapostas por grandes erros (digamos: má gestão numa pandemia levando a milhares de mortes em excesso, um "Petrolão", etc.).

2) As alternativas melhores não tem chance, então terá que ser ele mesmo

Este argumento comum e que implica no chamado "voto útil" talvez seja o mais controverso em minha lista. De fato, algumas pessoas podem achar que seu pragmatismo é sábio e talvez até queiram apelar a alguma "teoria dos jogos" para justificá-lo (ou sugerirem que não deveria ser considerado entre os "piores" argumentos, ainda que seja ruim, dada a sua ampla aceitação).

Porém sugiro que isso não procede; o voto útil, talvez salvo exceções muito específicas, me parece um caso claro de estupidez no sentido técnico do termo: uma ação que acaba por prejudicar tanto os outros quanto a si mesmo. 

Para visualizar isso, consideremos um exemplo envolvendo as últimas eleições presidenciais. Os 3 candidatos mais votados do primeiro turno (Bolsonaro, Haddad e Ciro Gomes) receberam respectivamente 46,03% (49.276.990), 29,28% (31.342.005) e 12,47% (13.344.366) dos votos. Para ser eleito já naquela fase, era necessário ter 50% mais um voto. Como foi noticiado, boa parte dos eleitores de Bolsonaro escolheram ele não porque o consideravam como a melhor opção, mas pra evitar o PT, e assim também boa parte dos que votaram neste estavam querendo evitar que Bolsonaro ganhasse já no primeiro turno. Suponhamos que 50% de cada um era de votos úteis e que cada um destes preferiria votar no candidato de seu lado político (direita e esquerda) imediatamente mais abaixo: João Amoedo do Partido Novo para os direitistas, com 2,5% (2.679.744), e Ciro para os esquerdistas. Neste caso, se ninguém tivesse feito voto útil, o resultado final daquele primeiro turno teria sido:
  1. Ciro (esquerda): 29.015.368
  2. Amoedo (direita): 27.318.239
  3. Bolsonaro (direita): 24.638.495
  4. Haddad (esquerda): 15.617.002
Ou seja, se os assumidos 50% de "eleitores úteis" tivessem realmente apostado nos candidatos que preferiam e assumindo que estes seriam os seus representantes ideológicos mais próximos, estes é que teriam ido pro segundo turno. 

É claro que estes cálculos são simbólicos e talvez não representem a realidade dos votos úteis naquela ocasião, porém são suficientes em mostrar como estes podem ser contrários ao desejos do eleitor que o pratica. Essa situação também se agrava quando se leva em consideração as consequências do índice de rejeição: naquele ano, é possível que muitos dos que votaram em Haddad preferiam o Amoedo, porém acabaram indo pro outro lado do espectro político apenas por não aturarem Bolsonaro. Assim, pode-se dizer que cada voto a mais num candidato com muita rejeição implicará em mais votos para a pior alternativa do outro lado.

A conclusão aqui é: se os outros estão errando, não temos porquê errar também. Se num primeiro momento a maior parte das pessoas de uma ideologia está convergindo pro pior candidato desta, não há porque entrar pra manada e engrossar o caldo da má escolha acabando por tornar-se cúmplice do resultado final.

Ambos: Contrários

1) Ele é uma pessoa ruim por x motivos e eu não voto em gente ruim

Embora eu diria que a observação em si é correta para ambos os candidatos, essa crítica falha por ignorar um ponto óbvio em qualquer eleição: quando se vota em alguém, não se está a colocar no poder apenas ele, mas todo um grupo de pessoas, todo um governo. Uma vez que uma chapa é eleita, são vários os que passarão a conduzir a nação pelas três esferas estatais: do lado do Executivo, haverá tanto o presidente como ministros e auxiliares; no Legislativo, o primeiro costuma ter muita influência (como exemplifica a eleição de Arthur Lira pra presidência da Câmara dos Deputados com o apoio do governo, "Mensalões" e "Bolsolões"); por fim, as eleições desaguam até no Judiciário já que as indicações para membros da PGR e do Supremo vêm do Executivo (como evidencia a presença no STF do juiz André Mendonça, indicação de Bolsonaro).

A conclusão, portanto, é que é errado escolher uma opção eleitoral tão somente com base na pessoa encabeçando a corrida; antes, toda a equipe que há de ir com ele deve ser analisada. Por isso, é perfeitamente plausível que se vote num candidato inferior que levará uma boa equipe ao Planalto e uma boa influência pras demais esferas do poder do que um candidato melhor, mas que trará consigo um grupo ruim.

Comentários finais
Como sugeri anteriormente, os argumentos abordados são ruins e cometem erros básicos de avaliação e escolha (salvo, talvez, o do voto útil). E também como já foi dito, essa evidente má qualidade sugere uma certa "preguiça de pensar" da parte dos que justificam seus votos com eles. Porém, enquanto essa hipótese tem seus méritos, é provável que não explica todos os seus usos. Afinal, diferentes pessoas muitas vezes fazem a mesma coisa por diferentes razões. 

Com isso em mente, finalizo esse texto sugerindo outras duas hipóteses para explicar o uso dessas justificativas. A primeira é que o nível educacional de muitos brasileiros é ruim, um provável fruto tanto da falha do sistema educacional brasileiro em ensinar raciocínio crítico quanto de desinteresse cultural. Em outras palavras, muitas pessoas não são ensinadas a como pensar direito e tampouco estão interessadas em aprender. Já a outra hipótese é que tais argumentos são expressos não por pessoas que realmente acreditem neles, mas como simples desculpas de fachada para justificar um voto que estará a ser feito por outras razões: seja porque o partido ou candidato defende seus interesses egocêntricos, seja por qualquer outro motivo suficientemente ruim para ser mantido em oculto. 

Seja qual for a verdadeira razão em cada caso, um fato permanece: dada a importância que os governos têm em influenciar a qualidade de vida dos cidadãos, não era para estes votarem por razões ruins.

sábado, 16 de julho de 2022

Sobre cristãos fãs de Jair Bolsonaro


O presente ensaio "popular" foi escrito após reflexão sobre o fenômeno de muitos cristãos praticantes se declararem "Bolsominions": fãs e seguidores do presidente Jair Bolsonaro. Por se tratar de um assunto mais brasileiro, não farei uma versão em inglês. Para ouvi-lo, há uma versão em áudio lida por mim que pode ser acessada clicando aqui.

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No segundo turno das eleições de 2018, os eleitores brasileiros tiveram que escolher quem os governaria nacionalmente pelos próximos quatro anos: se seria Fernando Haddad pelo Partido dos Trabalhadores ou Jair Bolsonaro pelo então Partido Social Liberal.

Naquela ocasião, ficou bem visível que muitos dos que votaram no atual presidente não o fizeram porque o aprovavam, mas porque não queriam o PT de volta ao poder. E isso não foi de graça: afinal, essa alternativa já havia governado ao longo de 13 anos e veio a protagonizar não apenas uma sequência de escândalos de corrupção (com destaque ao Petrolão, provavelmente o maior de nossa história), como também uma má administração tal que nos levou à pior década da nossa economia em 120 anos já antes da pandemia. 

Assim, parece que votar em Bolsonaro naquele ano estava longe de ser uma decisão impensável, injustificável, irracional. Porém, o que nunca consegui aceitar como plausível é a existência de uma grande quantidade de fãs que o presidente conquistou para si. Pior ainda é como que tantos permanecem seus fãs até agora, mais de 3 anos depois das eleições, com tudo o que este fez de lá pra cá. Porém nem isso supera o que vejo como ainda mais sem cabimento: que muitos destes são cristãos praticantes, membros ativos em igrejas e leitores da Bíblia. 

Aqui cabe a nota de que estou "mirando" nos cristãos desse "tipo" porque se estes fossem assim só de fé, então seria mais aceitável já que tais mal conhecem a religião que professam e não parecem querer viver de acordo com ela. Porém esse não é o caso de uma grande parte dos assim chamados "Bolsominions", um apelido dado pela crítica com uma clara referência aos personagens amarelos da animação "Meu Malvado Favorito" caracterizados por idolatrarem e cegamente seguirem um vilão, comportamento associado a muitos fãs do presidente.

Bom, esse fato (o de que Bolsonaro possui muitos fãs sendo muitos destes cristãos praticantes) clama por respostas: o que fundamenta o posicionamento destes crentes? Será que há uma maneira plausível desse posicionamento ser justificado? Será que cristãos deveriam ser "Bolsominions" ou há algo de errado quanto a isso?

Na busca pelas respostas a essas questões, talvez um bom começo seria conhecer os argumentos dados pelos próprios fãs em defesa de seu comportamento. Aqui parece haver uma razão básica compartilhada pela maioria: a de que faz sentido ser fã de Jair Bolsonaro por conta dele possuir toda uma lista de supostas boas características tais como: sua posição contra o comunismo e o PT, ser um defensor da família e contra a descriminalização do aborto, sua honestidade, incorruptibilidade e afins.

Porém já aqui nós temos um problema: mesmo que todas essas características fossem verdadeiras, isso por si só não justifica alguém ser fã do presidente. Afinal, enquanto é plausível que a aprovação e admiração a um indivíduo envolva as suas qualidades e atos positivos, é evidente que também deve envolver o seu lado ruim!

Tomemos Adolf Hitler, um homem lamentável ao qual a maior parte da humanidade tem a decência de não ser seu fã. Se nós fôssemos ignorar tudo de ruim que diz respeito a ele, então o que sobraria seria uma lista de coisas neutras ou positivas. Ora, agora haveríamos nós de considerar virarmos fãs do cabeça do Holocausto porque ele foi bom amigo de alguns, avançou na criação das Autobahns alemãs e sabia pintar aquarelas?! Mas é claro que não! Fazer isso seria implausível justamente porque não faz sentido decidir se posicionar sobre uma pessoa olhando só para as coisas positivas que ela tem ou fez; é o conjunto INTEIRO da obra que importa. E é no momento que analisamos o todo de Hitler que chegamos à óbvia conclusão de que ele foi um ser lamentável o qual jamais deveríamos admirar.

Pois o mesmo se aplica a Bolsonaro: não faz sentido só olhar para as suas ditas qualidades e querer justificar admiração a partir disso; é necessário que todo o conjunto seja analisado, logo incluindo o seu lado negativo. E quanto a este, é público que está longe de ser pequeno ou trivial

Porém não vou aqui fazer toda uma lista de seus pontos ruins já antevendo uma possível resposta: a de que "nenhum humano é perfeito". Por essa ótica, apontar que Bolsonaro tem defeitos em nada demonstra que ele não é digno de ter fãs. Talvez diriam: "Se o sujeito não pode ter defeito para poder ser admirado, então só o perfeito Jesus poderá ser admirado!". Na medida que for o caso que humanos falhos podem ter fãs, isso nos leva à pergunta: qual a medida de defeitos que define que tipo de problemas uma pessoa pode ter sem que isso a torne indigna de admiração? Quando que seus erros já contam como sendo demais?

No meio secular, talvez isso não tenha uma resposta muito clara, porém o mesmo é diferente para quem é cristão. Isso ocorre porque a Bíblia tanto reconhece que todos são falhos e pecam quanto expõe casos em que o sujeito "cruzou a linha", "sentando-lhe o laço" da reprovação.

Tomemos os fariseus. Jesus convivia "de boas" com "publicanos e pecadores", porém com aqueles era indignação atrás de indignação. E o que estes fariseus faziam de tão errado para estressar aquele "manso e humilde de coração"? De tudo, o que mais se destacou foi a sua hipocrisia: eles se apresentavam para o público como santos e fiéis seguidores de Moisés, interessados em cumprir seus estatutos com tanta fidelidade até nos pormenores da Lei ("coavam os mosquitos"), porém, por dentro, eram podres não guardando os principais ensinamentos de Deus, "o juízo, a misericórdia e a fé". Afinal, quando quiseram matar Jesus, descumpriram os preceitos legais e deram um jeito de fazer o que bem queriam passando por cima daquilo que diziam fielmente seguir. A palavra "hipócrita" resume isso bem: alguém que não é apenas pontualmente incoerente, mas um falsário, que se apresenta como sendo de um jeito, porém na verdade é de outro. E esse comportamento nos remete a Romanos 2 onde Paulo condena aqueles que praticavam as próprias coisas que publicamente condenavam concluindo que "por causa destes, o nome de Jesus é maldito entre os gentios". Ou seja, Paulo reprovou fortemente aqueles que diziam que fazer "isso e aquilo" era errado e não deveria ser feito para, logo após, estarem eles próprios fazendo tudo o que condenaram.

Agora consideremos o que diz a primeira parte de 1º Coríntios 13: que se alguém falhar no amor, ele será basicamente um nada, um lixo, não importando quantas outras qualidades ele venha possuir. O amor é tão importante no Cristianismo que Jesus chegou a dizer que seus discípulos seriam reconhecidos por ele. Bom, é claro que todos nós falhamos no amor (provavelmente só Jesus amou perfeitamente), porém há uma diferença a ser notada nos excessos: há diferença entre falhar de vez em quando e falhar o tempo todo; de falhar no detalhe versus grosseiramente; de ser alguém que ama como regra e erra na exceção de alguém que é tão ruim em amar que não é possível associar essa pessoa ao amor; de não amar no pensamento, mantendo sua postura, a extravasar seu coração escuro em suas palavras e ações; de amar a maioria e falhar na minoria versus não amar até metade de um país inteiro! Assim, pequenas e pontuais falhas no amor são aceitáveis na caminhada moral árdua de um cristão, porém falhar miseravelmente neste item não é só mais um pecado; é simplesmente viver o avesso, o extremo oposto do que um seguidor de Cristo deveria viver!

Com tudo isso, pode-se dizer que se uma pessoa possui um perfil com as características recém mencionadas, então tal está longe de ser digna de admiração por um cristão. Um descrente com um perfil assim já seria deplorável, mas pelo menos seria compreensível já que o mesmo não está submetido aos ensinos de Jesus, ao acompanhamento pastoral e a comunhão fortificadora da comunidade fiel. Pois será ainda pior alguém que for assim enquanto professa ser um crente em Cristo! Aliás, pode-se dizer que tal fiel seria o exemplo de tudo o que um cristão deve almejar NÃO ser: alguém que afirma ter Jesus em sua vida, tê-lo por Salvador, porém vive de forma oposta a Ele, dando um péssimo testemunho e inevitavelmente envergonhando o Seu nome.

O problema é que Jair Bolsonaro se encaixa nisso perfeitamente bem! Já antes de sua campanha eleitoral e ainda mais claramente durante e após essa, o presidente tem sistemicamente sido o oposto do que se espera de um cristão (e de maneira pública, à descoberto, de tal forma que qualquer interessado em se informar e com acesso à Internet consegue saber). Consideremos primeiro a duplicidade entre apresentação e ação:
  1. Foi crítico de uma série de práticas do governo petista, porém, uma vez eleito, repetiu essas mesmas práticas. Por exemplo:
    1. criticou o mensalão, a compra de votos parlamentares para apoiar propostas, e depois fez o "Bolsolão" onde abusou de emendas parlamentares para comprar apoio do Congresso (visivelmente em parte para escapar de um plausível impeachment);
    2. repudiou o toma-lá-dá-cá com o "Centrão", a prática de negociar cargos em troca de favores, chegando a efetivamente anunciar o seu fim, e depois acabou fazendo a mesma coisa negociando cargos e apoios com o bloco;
    3. criticou programas populistas como o Bolsa Família, acusado de ser compra de apoio político pela barriga, mas uma vez eleito não só não o eliminou, como o ampliou e o renomeou (com esta última ação sugerindo uma tentativa de associar o programa a ele e não mais ao partido criador).
  2. Também contrariou características plausivelmente negativas do Estado brasileiro e depois pouco ou nada fez contra elas. Exemplos são:
    1. o excesso de foro privilegiado, ao qual nada fez para eliminar (condição que aparentemente beneficiou familiares envolvidos em acusações de corrupção);
    2. a corrupção pública, tendo apoiado a operação Lava Jato que escancarou os crimes cometidos por muitos políticos como o ex-presidente Lula, e que recebeu pouca atenção do seu governo: dissecou o pacote de leis sobre o assunto criado pelo ex-ministro da justiça Sérgio Moro e abandonou a Lava Jato que tanto defendera, operação esta que acabou envolvendo familiares e que efetivamente terminou em seu mandato;
  3. Contrariando seu histórico, defendeu uma agenda econômica mais liberal, e embora tenha cumprido em parte o prometido (como em fazendo privatizações, ainda que lentamente), não deixou de fazer bastante gestão antiliberal e populista da economia como no caso das várias mexidas na diretoria da Petrobrás.
  4. Ainda no tocante à corrupção, afirmou ser mentira que "acenava para corruptos e condenados" numa ocasião envolvendo uma possível associação ao condenado pelo Mensalão Valdemar C. Neto, porém quando chegou a hora de escolher um partido para continuar no poder via reeleição, acabou por "acenar para corruptos e condenados" filiando-se ao PL daquele político.
  5. Colocou-se como um "defensor da verdade" e crítico de inverdades em várias ocasiões, como quando citou o versículo "E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará" em seu Twitter, porém teve todo um governo marcado por mentiras, desinformações e propagação de fake news.
Outros itens poderiam ser incluídos, mas quero evitar estender o ensaio demasiadamente. O ponto aqui é que Bolsonaro praticou muito do que havia anteriormente condenado, sistemicamente apresentando uma imagem num primeiro momento para agir diferente depois incluindo no tocante a propostas de governo (no linguajar político, praticou estelionato eleitoral). Só isso já deveria deixar cristãos avessos ao presidente tal qual Jesus foi aos fariseus ou Paulo aos judeus por ele criticados.

Porém, o pior talvez nem seja isso, mas o quanto que Bolsonaro em nada tem a ver com a marca cristã do amor. Desde antes das eleições e até agora, talvez a coisa que o presidente menos mostrou foi esse "carimbo de Jesus". Seja no tratamento dado à esquerda (que é quase metade do Brasil), na sua relação com a parte da imprensa que não lhe é favorável, seja no tratamento às vítimas da pandemia, o presidente se mostrou tão sem amor, antes cheio de ódio e desprezo, em especial para os que não lhe aprovam, que houve psicanalista que chegou a sugerir que ele possa ter psicopatia, o traço comportamental em que há falta de remorso ou empatia para o seu semelhante. Enquanto Cristo nos chamou a amar como Ele amou, i.e., a todos, sem condições e intensamente, o comportamento de Bolsonaro parece seguir a linha incompatível de "apreço aos apoiadores e o resto que se exploda".

Com tudo isso na mesa, não é à toa que a única defesa que seus seguidores conseguem dar para respaldar algum Cristianismo neste sujeito é apontando para trivialidades da fé como suas menções à Deus, meia dúzia de orações públicas, ter uma esposa evangélica e participar de caminhadas cristãs, porque no resto da sua vida o que talvez menos se encontre é Jesus!

Com tudo isso em mente, o que se pode concluir é que mesmo se Jair Bolsonaro for digno de vários dos elogios que seus fãs lhe atribuem, ainda assim ele possui um perfil que está longe de merecer admiração daqueles que professam Cristo em suas vidas. E se é assim já lhe concedendo elogios, imagina se nem estes forem realmente dignos! Se nem na melhor das hipóteses temos algo aprovável, então como que fica na pior delas?!

Concluo essa mensagem notando que em nenhum momento procurei defender que cristãos (e mesmo pessoas em geral) não devem votar no presidente nas atuais eleições ou mesmo em futuras. Ao meu ver, por pior pessoa e candidato que ele seja, ainda é possível que haja voto adequado nele bastando as alternativas serem piores (ainda que, ao meu ver, para alguém conseguir ser um candidato pior do que Jair é preciso esforço!). Minha conclusão aqui é que não há motivo sensato para um cristão ser fã deste indivíduo tendo em vista como ele tem sido. E se estiver correto nessa minha conclusão, então é plausível que o grande suporte da cristandade brasileira a Bolsonaro é mais um triste capítulo da história da Igreja.

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domingo, 8 de maio de 2022

Two defeaters against leftist ideology


At the end of October 2017, I published an article in which I suggested recognizing a new fallacy which I named the "fallacy of equality". At the end of that work, I commented on the possible impacts of the recognition of my proposal, especially in the field of political philosophy in one of its most prominent currents, the left.

In the present article, I focus on these implications by proposing two arguments against egalitarian ideology based on the logical fallacy proposed in my earlier work. To listen to it, there is an audio version read by me that can be accessed through this link.


Momergil

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Introduction
One of the fruits of the human intellect has been the conception of "packages of ideas": sets of one or more allegedly true propositions that are somehow linked together. Philosophical schools, scientific theories, and the theological part of religions are examples of some categories or types of packages like this. 

Insofar as such groups of ideas make descriptive and/or prescriptive claims about the world, a question of debate that usually accompanies them is whether a certain group is "true" or "correct". In this case, regarding descriptive propositions, one can generically understand that a package can only be true or correct if and only if such propositions correspond to reality as it is[N1]. As for prescriptive statements, those that say how things should be (objectives) or what should be done (methods), it will generally be necessary that their eventual descriptive assumptions are equivalently corresponding to reality, and that they are decently able to reach some presented target, and that such a target is desirable[N2]. Otherwise, if one of your proposals advocates unacceptable measures or an unacceptable target, the package will also be wrong.

Thus, for example, the capitalist economic system led by the Scotsman Adam Smith opposed the mercantilism present in his time in at least three things: descriptively, that the wealth of a nation is not the result of or equal to the physical possessions of land, gold and that it has, but also resides in the productive capacity of its citizens; and, prescriptively, that we should seek to implement means of increasing this productive capacity, such as labor specialization, in order to make societies more prosperous and rich, which would be a desirable target[N3][R1][R2][R3]. Therefore, the assessment of the veracity of capitalism passes through the evaluation of these statements: if it is true that the wealth of a nation involves the productive capacity of its citizens, that we should seek a more prosperous society, and that a means to this end is to increase productivity through means such as labor specialization, then capitalism is the correct view. If, on the other hand, wealth is measured only in lands, or we should not seek greater prosperity for peoples, or the proposed means, such as specialization of manpower, are inadequate and henceforth should not be adopted, the view will be given as failure.

When it comes to this question of verifying the veracity of a package, one could understand that the refutation of any of its claims would automatically imply its defeat. This, however, is not necessarily the case since ideologies may contain assertions that differ from each other in terms of their relevance to them. Some less relevant proposals may be linked to strands of a main idea or derivations from more important theses supported by less credible arguments. Regardless of the reason, this implies the need to distinguish between "essential" and "non-essential" statements to a thesis. Those recognized as essential are those that are somehow linked to the package that, without even one of them, it would disfigure and effectively become something else, another group of ideas. Consequently, the untruth of one of these statements implies the invalidity of the package as a whole, even if others are recognized as correct. The same does not happen with the secondary proposals: although they may be traditional, they are superfluous in such a way that their demonstrated invalidity will not imply the annulment of the package as a whole.

An example of this complexity can be seen in the theology of religions such as Christianity. In this case, Christian theology is composed of a series of doctrines that encompass a set of beliefs on various topics such as God, the human being, and sin[R4][R5]. Although most Christians believe in some variations of these doctrines, only some are essential to the faith[R6][R7][R8] and cannot be wrong for it to be a true religion. One case is the doctrine of God which asserts that there is such a supreme being as the source of the universe's existence[R9]. If by chance someone were to demonstrate that such a being does not exist, then Christianity would be wrong in one of its essential statements and, consequently, would be a wrong package of ideas and a false religion[N4]. Even if many of Jesus' teachings remained valid, the faith as such would come to an end; "there is no Christianity without God". The same would not occur with the doctrine of biblical inerrancy that affirms the full veracity of the teachings of the sacred book of this religion[N5]. If even a single error were found in such a book, the doctrine would be refuted, but hardly a Christian would think it plausible to abandon his faith on that account precisely because it is a relative theological detail. That is, although traditionally believed, the doctrine of biblical inerrancy is not essential to Christianity[R10].

Thus, if it is identified that an ideology has a non-essential claim, refuting it will not imply the defeat of the package. If, however, one essential to it is found to be unacceptable, belief in it must be suspended. Indeed, it can be argued that it is enough to demonstrate that an essential assertion is not adequately supported (that there is no known reason to believe it to be true or even that it is not possible to know if it is true) that any adoption of the ideology will become irrational[N6]. In other words, if an individual does not know of any plausible reason to believe in a single proposal essential to an ideology, then he should not believe and defend such a package.

All that said, the relevance of these deliberations and the related debates could be questioned. This is linked to the importance given to the truth of statements. One perspective suggests that, far from trivial, such issues are important to the world because beliefs affect the actions of those who believe in them, bringing with them real consequences for many[N7]. In particular, wrong ideas, once believed, can lead individuals to wrong choices which, in turn, can lead to inappropriate actions that can bring great harm, pain, and suffering. In fact, some of the evils that have plagued humanity have been derived from misguided beliefs, a classic example being the Nazi Holocaust. Thus, to the extent that it is relevant for us to avoid these evils, it will be relevant to try to attest to the veracity of an ideology before embracing it. If this has already happened, then it will be plausible to abandon it as soon as it is invalidated upon further reflection.

With that in mind, what follows is an assessment of the veracity of a particular package of ideas: leftist political philosophy.

Egalitarianism
In the area of ​​political philosophy, a commonly termed "left" view preaches egalitarianism[R11][R12]: the defense of equality or more of it in some aspect in the political, social, and/or economic environment[R13][R14]. Formalized in the times of the Enlightenment, it can be affirmed in various ways such as resources, and well-being among others. Regardless of which one is defended, its justification is supported by two possible views: as a means and as an end in itself[R14]. Parity as a means is characterized by the thesis that having it or having more of it may not be good and desirable in itself, however, it is useful insofar as it manages to lead to profitable and desirable ends, that is, it would be something that has extrinsic value. This perspective proposes that we should implement equality or more of it as a tool to achieve a better world. The other view, on the other hand, defends the existence of an intrinsic value to it, that is, that it is in itself a good, a value, which henceforth is self-justified. So, insofar as we make the world an egalitarian or more egalitarian place, it will become better for that alone.

So understood, the egalitarian proposal of leftism is marked by a direction towards a positive, higher level, towards a better end. This characteristic is not gratuitous or unique, nor is it merely traditional, since it is intrinsic to any political vision composed of a prescriptive component; every political ideology proposes what it proposes aiming at a better world (even if only in the eyes of those who defend it) [R15][N8]. 

For example, liberalism proposes "freedom, life and property"[R16] because, in the understanding of those who defend it, if such values are present and defended in a society, a better one will be obtained for all to live. So too, conservatism defends traditions[R17] because they would be good for society. This remains present even in evidently bad cases: someone who hates all humanity could propose a nihilistic ideology that preaches the end of the human species to be achieved by the practice of genocide. As bad as such a vision is, it is still intrinsic to it the notion that its implementation would bring a better world from the perspective of its defender. 

Therefore, regardless of what is defended, the prescriptive content of every political vision is aimed at a qualitatively positive social state, whether in relative, absolute, or both terms[N9]. Thus, leftist political ideology states, essential to this vision, that one must defend, seek, implement equality or more of it in some way that, in doing so, will bring with it a good or better world. 

A wrong ideology
In view of what was said earlier about refuting packages of ideas, it follows that if this is not true (that equality or more of it implies a qualitatively positive and/or superior state), then an essential component of leftism will be wrong and henceforth this political view will be incorrect. In other words, leftism will only be correct if and only if equality or more of it implies a qualitatively positive or superior state.

Here this ideology faces difficulty since such a claim is demonstrably false. In fact, several cases where equality or more of it does not imply something positive or better can be observed.

For example, suppose there is a hypothetical society of 100 people and that there are certain basic human rights that should be recognized and respected. At first, the local justice system is characterized in such a way that only half of these people have their rights respected while the others are systematically violated. Suppose, then, that reforms are made and now all members have their rights violated. In this second situation, there is an egalitarian society where everyone has a parity of rights. However, insofar as having human rights respected is something desirable, this new egalitarian situation is not only bad, it is worse than the original unequal situation; society has worsened with the rise of equality.

Another example: suppose that another hypothetical society with 100 members has problems with access to basic sanitation, which is available to only 30% of the population. In this case, there is inequality in access to this desirable structure. Then a war breaks out and the entire sanitation system is destroyed by bombing. The result is that now all citizens do not have a functioning sewage system or potable water in their homes. Unlike the initial pre-war state, this second one is egalitarian and yet it is both certainly bad and evidently worse than the previous one since it has even less sanitation than it had before. 

Hypothetical cases like the ones above reveal that it is false to say that equality or more of it implies good or better when they expose that it is also present in bad or worse situations. In other words, equality is not correlated with quality[N10]. This can be visualized as shown in Figure 1 below. The graph on the left shows the egalitarian thesis: the higher the value, the higher the quality. The graph on the right, on the other hand, expresses what examples such as the previous ones demonstrate to be the case: that this link does not occur to the extent that increasing parity can equivalently lead to both higher and lower quality.

Figure 1 - Comparison between the egalitarian proposal and reality

In view of what was discussed in the introduction to this article, the fact that equality or more of it does not imply good or better implies the untruth of an essential thesis of the left and, henceforth, its failure as a political proposal. 

An illogical ideology
Despite what has already been said to be a problem enough for the acceptability of the left as a correct political view, it can be argued that its failure goes further. This is because the thesis analyzed above and essential to this view not only expresses a mistaken statement (such as "1 + 1 = 3" or "the Earth is flat") but is also a case of the egalitarian fallacy, an error of reasoning[R18][N11]. And this observation grounds a second motivation for rejecting leftism.

An argument used as rational support for belief in some proposition will be bad, unable to fulfill its purpose, if it is deficient in having premises incapable of logically supporting the conclusion[N12]. When this is the case, it is understood that it should not be believed or defended, i.e., it is rationally unacceptable[R20][N13]. 

So for example, one reason why the syllogism "all men are mortal, Jesus is man, and therefore Jesus is mortal" is acceptable is that it is logically coherent. By contrast, the argument "all men are mortal, Jesus is a man, and therefore Jesus never existed" is not rationally believable because it is logically flawed: its premises, even if true, fail to adequately support the veracity of the conclusion.

Although arguments are often presented in isolation or alongside others in a cumulative case in defense of a belief, they can come to be expressed as a supposedly correct thesis in a larger work. In cases where that thesis is essential to that work, then its rational acceptability will be linked to that of the argument: insofar as affirming the work will imply affirming the argument contained in it, that is, there is no way to affirm the work without affirming the argument, then if the latter is rationally unacceptable, so too will the work that affirms it.

For example, suppose a natural products company wants to persuade potential customers to consume them. She then launches a commercial stating that they should buy them "because they are natural and therefore good". The problem is that such an argument is asserting the fallacy of appeal to nature[R19], making the advertising rationally bad. In this case, what is being proposed is just one among other possible justifications in favor of the intended conclusion (that customers should buy the products of this company) and, therefore, even if this specific motivation should be rejected, its inadequacy doesn't invalidate the advocated conclusion; it may be good to consume these products for other reasons. Something different happens when this company opts for another marketing strategy involving the creation of a new ideology that preaches that "people should be good to each other, love their families, and consume natural products because they are good for being natural". In this case, it is not just one argument among others where its invalidity does not affect the veracity of the intended conclusion, but a thesis essential to this hypothetical ideology and which affirms a logically deficient reasoning. Consequently, to the extent that there is no way to disassociate this package of ideas from this fallacy, then it will be rationally unacceptable because of it and whoever rejects that one must also reject this ideology that affirms it. 

Thus, a package of ideas can be rationally believable if and only if its ideas are logically coherent. However, this is not the case with leftism, which asserts a logical fallacy at its core, that of equality. Consequently, this ideology does not appear to be rationally acceptable and should be rejected in the same way that fallacious arguments should be. This conclusion implies that, unlike what seems to be the case with many ideologies, leftism goes beyond simple factual error (that of expressing statements that are inconsistent with reality): it is also logically deficient[N14].

Conclusion
In this article, the leftist political vision was recognized as an ideology that defends, in an essential character to it, that an egalitarian or more egalitarian world would be a better world than an unequal one and that, therefore, we should seek greater parity on our planet. It was also argued that such a claim is not only demonstrably false, it is also a logical fallacy, which produces two defeaters for that view[R21]. Insofar as these observations are true, it can be concluded that egalitarianism that aims at a better world is an inadequate vision, and believing in the political ideology that expresses it is a belief contrary to the proper exercise of reason: whoever does so will be intellectually erring as much as anyone else who believes in any theses that are factually wrong or logically flawed - with the aggravation that, in this case, he will be wrong in both ways. 

If such considerations are correct, the proper public reaction to such deliberations will be the same as that which is due to any package of ideas shown to be inadequate: its abandonment. Just as a Christian should abandon his faith once exposed to a refutation of the non-existence of God[N15], so liberals should abandon their political stance in the face of the observations of this article. That said, just as a Christian would not automatically need to reject all of Jesus' teachings upon seeing his faith invalidated by atheism, the abandonment of egalitarianism does not automatically justify rejecting all other causes that leftists have championed[N16] (fighting against racism, for the preservation of the environment, etc.).

Comments
Criticizing leftism through its egalitarian thinking is nothing new, having been the subject of several works in recent centuries. However, apparently most of these responses have focused on questions of value either saying that equality is irrelevant (as when some claim that "economic inequality doesn't matter, only poverty"[R22]) or that it is less important than other things (such as freedom[R23]). The two defeaters presented in this article, on the other hand, support another perspective according to which the errors of the ideology are that of being factually wrong and of being logically deficient.

As with packages of ideas, the theses proposed here can also be incorrect. This brings up the question of how this criticism could be defeated. It is usually understood that an argument can be defeated by pointing out some flaw in its form, invalidating the acceptance of one or more of its premises, or pointing to the greater probability of another conclusion in the case of probabilistic theses[R20]. With that in mind, the following section contains some predictable critiques preceded by an analysis of where they stand in relation to the arguments presented.

Analysis of possible criticisms
The first argument aims to demonstrate that the leftist view is mistaken for essentially asserting an untrue claim and can be summarized as follows[N17]:

A1.1: If leftism essentially asserts an incorrect/false idea, then leftism is false/incorrect.
A1.2: Leftism essentially asserts an incorrect/false idea (that equality or more of it implies a qualitatively positive or superior state).
A1.3: Therefore, leftism is false/incorrect.

As for its form, the above reasoning is a case of the classic modus ponens and, therefore, it is logically valid and its conclusion will necessarily be true if the premises are true[R24]. Therefore, possible errors can only be found in the acceptability of these. In the case of premise A1.1, what it says is a thesis presupposed in many of the works that evaluate and criticize the most varied theories, philosophical currents, and related doctrines being, therefore, relatively uncontroversial. So it is likely that most criticism will end up being centered on the second premise.

The second argument argues that this ideology is rationally unacceptable as it essentially expresses a logical error of reasoning and can be summarized as follows[N18]:

A2.1: If leftism essentially asserts invalid reasoning, then it is rationally unacceptable.
A2.2: Leftism essentially asserts invalid reasoning (a logical fallacy, that of equality).
A2.3: Therefore, leftism is rationally unacceptable.

Again, the defeater's form is a modus ponens and hence logically valid. Also, its first premise A2.1 appears to be relatively uncontroversial being defended whenever a thesis that essentially asserts something that is known to be false is rejected. So, possible criticisms will tend to focus on the second premise as in the case of the first defeater.

Anticipated criticisms

Absence of essentialism
A possible criticism of both second premises is the rejection of the essential character of the statement of the fallacy of equality. From this perspective, the justification of a positive target for the defense of parity would only be a traditional characteristic and not an essential one for the left. In other words, while most leftists defend equality because they think it will lead to a better world, the view per se does not assert this justification. Consequently, those who raise this objection reject the observation that political ideologies are essentially geared towards the pursuit of a better world.

In response, such a proposal does not seem to have any support in evidence. After all, countless political expressions demonstrate that every leftist, rightist, liberal, or the like defends what he defends aiming at a better world according to his perspective of "better". To the extent that this is true, it seems implausible to say that it is still a mere tradition and not a basic feature of political ideologies. 

However, even if such an answer were true, it would be of little use in refuting the practical applicability of the defeaters presented in this article. This is because the characterization of the statement of the fallacy of equality as intrinsic to leftist ideology is not necessary for the applicability of this criticism in the population that expresses it: insofar as a defender of this view asserts in his intellect that he wants and the reason he wants equality or more of it is because then there will be a good or better world, then both of the defeaters presented here will apply to him in his leftism. Since the only leftists said to be untouchable by this work would be those who defend parity for any other motivation and that such do not exist or are practically non-existent, then the defeaters would still prove valid "for all practical purposes": most, if not the totality of leftists in the world should still cease to be so[N19].

Punctual equality
Another possible objection argues that the assertion of the presence of the fallacy of equality does not constitute a correct description of the egalitarian proposal and, therefore, both defeaters make a straw man attack[N20]. According to this answer, claiming that "leftism defends parity" would be a general simplification that does not consider the details of this ideology and its strands.

The answer says that the various leftist currents do not simply defend a more egalitarian world, but specify in which areas and in which ways this parity should be characterized and implemented. That is, they are not advocating any and all forms of equality or it by itself. Consequently, a leftist may find himself agreeing that not all equality implies a better world while believing that the specific ones he proposes would bring about that result. 

For example, a leftist could argue that we should have equal civil rights between men and women and between whites and blacks because the world will be better if that is so. At the same time, that same person could reject such parity of rights between children and adults, recognizing that, in this case, it is better to have some inequality in the laws applicable to the two groups. In doing so, this individual would be advocating a certain specific equality (of rights) for one or more specific cases (sex/gender and ethnicity/race) without automatically committing to any other form of parity (such as economic) or in any situation (age). 

Concerning this criticism, its first defect is that these "specific defenses of equality" present the same problem as in "broad egalitarianism." Indeed, the same observations made earlier could be used in these specific cases: in the example of civil rights, one can conceive of a society where whites and blacks (or men and women) have no civil rights guaranteed by law, a situation in which there is equality and the society they comprise is not good or better than an unequal one. And insofar as the specific cases of defending parity are subject to the same problem as "broad egalitarianism", defending them will not save leftism from what has been pointed out in this article. 

Second, to claim that there is a straw man attack by "generalizing" the equality defense is unfounded because any defense of equality will already fall within the observations made in premises A1.2 and A2.2, either in an unrestricted or punctual way. This is because the problems presented are manifest not only in absolute terms (totally or completely absent) but also in relative terms (more or less). That is, it suffices for the view to defend "more" equality as implying a qualitatively positive or superior state that the premises will already apply. And since any implementation of these "punctual parities" will imply a more egalitarian world[N21], the so-called "punctual egalitarianism" in the leftist theses does not rid the ideology of the veracity of premises A1.2 and A2.2. 

Equality as generalized maximization of quality of life
Another possible answer also alleges that there is a certain straw man attack regarding the sense of defending equality considered in the criticisms of this article. According to this objection, when one says that parity is desired, one is not saying that "with regard to a certain social property X, all members of society should possess the same amount of X", but "everyone should possess X to the maximum extent possible/available". That is, "equality" would mean that everyone and not just a few should benefit from the maximum currently available of X. 

This perspective would be associated with a classicist vision of modern societies from the France of the monarchy to the present day. According to this perspective, societies have traditionally been composed of social groups where some of these would have at their disposal the best of their time in terms of health, security, education, political influence, and the like. On the other hand, other social classes, especially the poor, but also blacks and women, would not have access to the same level of quality of life or political influence. In this context of inequality, criticism would come from the less favored and their ideological allies who would not be concerned with the distance between the least and the most favored per se, but only wishing that all citizens enjoyed the good and the best that exist at the time. In other words, "we want equality" would be synonymous with "we want to have a good quality of life just like you". Thus, interpreting the search for parity as a concern between the distance between the least and the most favored would be an interpretative mistake. As this is the assumed meaning of this article, then its criticisms would not apply to leftism[N22]. 

There are some problems with this answer. The first is that, at best, this "interpretation of leftist yearnings" does not apply to what many of the defenders of this ideology actually stand for. For example, when it is stated that "it is absurd that some are so rich while others are so poor", the meaning is more like "there shouldn't be rich people while there are poor people in the world" than "it was for everyone to be rich like the rich are". In fact, when it is reported on social media that there has been an increase in the number of millionaires in a country, it is common to have negative reactions from leftists who would have no reason to be indignant about this if there was not a concern about the distance between rich and poor (after all, an increase in the number of rich means that many are improving their quality of life). Similarly, the classic critique of left-wing politicians complaining that "the rich are getting richer and the poor are getting poorer"[R25] also only makes sense from a perspective of concern about distance between the parties[N23]. Finally, some of the proposals to correct inequalities show the desire to reduce distance. This is the case of taxation on fortunes and inheritances as proposed by Thomas Piketty[R26][R27] and others, a measure that is not only aimed at fighting for the disadvantaged while the wealthy are left with their possessions but reducing the distance between them[N24][N25].

So while some leftists may be advocating parity in line with this critique's lens, it by no means represents what everyone is advocating. Hence, at best, it could be said that some advocate a sense of egalitarianism that is not subject to the defeaters of this article.

But even that is not plausible. After all, being an advocate of equality is by no means synonymous with being an advocate of improving the quality of life of the underprivileged. In fact, this desire that "everyone should own X to the maximum extent possible/available" is compatible with other ideologies such as libertarianism. Not for nothing, non-leftists are also seen defending the improvement in the quality of life of the entire population and many practice charity towards the poorest, which shows their wishes that they also come to enjoy a life of greater well-being[N26]. Thus, defining the leftist view as the defense that everyone has access to a good or maximum quality of life is not descriptive. Rather, it is more plausible to conclude that those who have called themselves "equality advocates" without really being concerned with distance are not expressing their views properly. It follows that the defeaters of this article adequately address the defense of parity insofar as there is, in fact, one being made rather than some alternative view being inadequately portrayed as a "defense of equality". 

Acceptability of fallacious arguments 1
The second defeater considers that logically fallacious arguments are not rationally acceptable, that is, they should be rejected. In response, it could be argued that this is not necessarily the case because it would be possible to rationally accept an argument that has a structure recognized as inadequate in at least some cases. So arguments like this would not automatically be bad, and so the mere assertion of the fallacy of equality by leftist ideology would not make it rationally unacceptable.

As an example of this idea, there is the case of the fallacy of composition when applied to the color of a floor. This consists in affirming that the whole has a certain property because one or more or even all of its parts have this property. Although generally wrong, one could argue that there are specific cases in which this reasoning holds up. For example, it seems plausible to assume that if all the tiles that make up a floor are of a certain color, then it will be of that color. In this example, although this argument is a case of the fallacy of composition as presented, it seems plausible.

While this critique may be in line with contemporary understanding of this issue[R28][R29], it does little to save leftism from the second defeater for at least two reasons.

First, even if it is accepted that a recognized fallacy has exceptions, this does not invalidate the fact that, in general, if an argument is fallacious, it should be rejected at least until it is shown to be an exception. In other words, insofar as there is no demonstration that the fallacy of equality expressed by leftism is an exception, it is perfectly plausible to adopt the rule until such an exception condition is demonstrated. Merely pointing out that it is "possible" for it to be an exception does little to invalidate the standard treatment given to admittedly fallacious arguments, which is rejection. Thus, until the present case is shown to be one of these exceptional cases, the fallacy of equality should be treated as one would normally treat any fallacious arguments.

Second, this critique assumes the understanding according to which a fallacy is initially defined in broad terms and then the existence of exceptions is observed. But this tradition is by no means imperative or necessary: these definitions could be revised in such a way as to internalize the exception cases, thereby eliminating them. So, in the previous case of composition, its definition could be revised to specify that it only happens with the so-called non-expansive properties[R30]. Thus, instead of the way it was presented, the composition error could be expressed as "when the whole has a certain non-expansive property because one or more or even all of its parts have that property". Once such redefinitions are made, the so-called exceptions disappear and this response becomes incapable of saving leftism from the applicability of the second defeater.

Acceptability of fallacious arguments 2
A final possible criticism of the second defeater is that the parity fallacy is of the kind that can be easily eliminated by considering an implicit premise, which would also apply to the egalitarian proposal of leftism. According to this observation, its characteristic and invalid form "is egalitarian or more egalitarian, therefore it is good and/or better than if it were not" can be rewritten as:

FI1: If it is egalitarian or more egalitarian, then it is good and/or better than if it were not.
FI2: It is egalitarian or more egalitarian.
FIC: Therefore, it's good and/or better than if it weren't.

In this case, the reasoning that was previously fallacious is converted into a valid modus ponens, indicating that this is not a formal error, such as an affirming the consequent or denial of the antecedent (situations in which the form is invariably non sequitur), but rather being an informal fallacy such as an appeal to nature or Hitler[R31]. The consequence of this observation would be that, ultimately, the second defeater would fail to point to the existence of a logical flaw where, at most, there would be a flaw of premise (the implicit one). In other words, if there is any error in leftism, it would not be logical, but only to assert something false, the issue that the first defeater already deals with. Therefore, this criticism assesses that the second defeater fails to treat invalid reasoning by simplification as if it were essentially invalid. Going further, it could even accuse that its use would end up violating the principle of charity according to which an argument (or thesis) must be treated in its best form[R32], in this case, that being one that has a valid logical form and considers the suggested implicit premise. 

While it may be the strongest response to the logical critique of leftism, this proposal does little to save that ideology from the defeater in question. This is because the informal nature of the equality fallacy does not eliminate its rational rejectability, i.e., any reasoning that expresses it will continue to be rationally unacceptable regardless of the treatment given (or that should be given) to some implicit premise. So much so that the traditional response to informally fallacious reasoning does not involve factual analysis of implicit premises, but only their exposition followed by rejection.

For example, when someone presents an argument that makes the mistake of appealing to naturalism, the response given is not to make the implicit premise explicit and to proceed with a debate about its veracity that would somehow nullify the rejection of that argument in logical terms. Rather, what is done is to point out that it commits the fallacy and reject it. Similarly, when someone commits a genetic fallacy, the reaction is not to proceed with a debate about the veracity of some implicit premise after it has been made explicit, but simply to point out that there is such a fallacy and proceed to reject the presented argument[R33][R34]. Thus, when an argument is fallacious, the proper rational reaction to it is its rejection whether formally or informally bad, and, consequently, the same should be done with theses that affirm reasonings like this.

Skepticism in the face of acceptance history
Finally, one could question how this political ideology could have sustained itself for so long, being so wrong. One hypothesis that perhaps explains this uncomfortable fact is that misguided egalitarianism derives from a simplistic analysis of cases in which there seems to be some relationship between "equality or more of it" and "good or better or correct". 

For example, it seems good to many that there should be some measure of equality between men and women and between different ethnicities within a society. But in these cases, the good or better or correct is not due to parity, but to a greater or even full amount of some good and henceforth desirable property such as human rights or wealth or sanitation or the like. That is, it is indeed plausible to think that a perfect society would include, among other things, everyone having their human rights respected and everyone having access to basic sanitation, which would be an egalitarian situation. However, as the examples in this article suggest, it is not equality in rights or sanitation that would make this society excellent - another society without any of these items would be identical in terms of parity and yet very bad - but the high presence of good things of a society to have. Thus, whoever defends the maximization of desirable properties (attributes) of a society ("social great making properties"[N27]) is defending a good and better one, but whoever proposes a more egalitarian society is not defending one like this.

Notes
N1: Here I used a correspondence view of truth, but this is not necessary for my thesis. Whatever the reader's epistemic view, the question of whether a package of ideas is true given its descriptive propositions will remain. It is noted that some sources, when dealing with the condition of veracity in arguments, note that what really matters is the credibility of the proposition in relation to the audience, something sometimes called "plausibility". In this sense, it is said that for an argument to be good, what is needed is not that its premises be (only) true, but more plausible than its negations. In line with this alternative, it could be said that a package of ideas needs to have "statements more plausible than its denials" in order to be considered true or correct. In this article, I have treated these approaches as synonyms since such nuances and the debate around them are not relevant to this work. For those interested, I suggest Kevin deLaplante's video, "What is a Good Argument?: The Truth Condition", 2013, available at  <https://www.youtube.com/watch?v=9mk8RWTsFFw> and accessed on 07 May 2022, as well as William Lane Craig's answer in "171 Apologetics Arguments", Reasonable Faith, 2010, available at <https://www.reasonablefaith.org/writings/question-answer/apologetics-arguments> and accessed on 08 May 2022.
N2: By "decently" I mean a thorough analysis of the acceptability of this proposal that includes things like weighing the pros and cons.
N3: Of course, it can be said that capitalism preaches and involves more than that, but the aim here is not to make a complete assessment of this economic system. Rather, use it in a simplified way to exemplify how a package of ideas can consist of a description and/or prescription and how the evaluation of the package's veracity is related to the evaluation of its claims. For this purpose, I think it is evident that these points of capitalism are more than enough.
N4: So much so that many of the criticisms of this faith include the rejection of the existence of God. For example in: Bill Flavel, "Eight reasons Christianity is false", Atheist Alliance International, 2018, available at <https://www.atheistalliance.org/thinking-out-loud/eight-reasons-christianity-is-false/> and accessed on 07 May 2022; e em: English Wikipedia, "Criticism of Christianity", 2022, available at <https://en.wikipedia.org/wiki/Criticism_of_Christianity> and accessed on 07 May 2022.
N5: Those versed in Christian theology may say that I have not described these doctrines accurately, as is indeed the case. I took this liberty because a precise description is not relevant here and because it could make the paragraph unnecessarily long. For those who wish, a reference on the subject is the work of theologian William Lane Craig accessible on his website (https://www.reasonablefaith.org) where he deliberates on Christian doctrines with a higher theological level (as an example, his class on the doctrine of revelation:  "Doctrine of Revelation (Part 7): The Authority of Scripture & Defining Inerrancy", Reasonable Faith, 2014,  available at <https://www.reasonablefaith.org/podcasts/defenders-podcast-series-3/s3-doctrine-of-revelation/doctrine-of-revelation-part-7> and accessed on 07 May 2022). 
N6: By "irrational" I mean "contrary to the proper exercise of reason", i.e., when an individual comes to a certain conclusion that he takes for belief in a way that should not have been accepted. In this sense, believing a conclusion supported by an idea that has been shown to be false or a logically invalid argument are examples of irrational beliefs.
N7: More on this reflection at: Bobby Conway and Lenny Esposito, "797. What's The Only Good Reason To Believe Anything?", One Minute Apologist, 2015, available at <https://www.youtube.com/watch?v=MAeS15NsHgY> and accessed on 07 May 2022.
N8: It is notorious that most of the references to the definition of "political ideology" only state that they aim to "change the world", without mentioning that it is "for the better" (example: Maurice Cranston, "Ideology", Encyclopaedia Britannica, 2020, available at <https://www.britannica.com/topic/ideology-society> and accessed on 17 May 2022). As this aim is attested to by any proselytizing political literature or conversation with politically active people, it is evident that there is an unnecessary simplification in these sources.
N9: By "relative terms" I mean a social state compared to another where the proposal in question (liberty, equality, etc.) is found in less quantity.
N10: Or even: the level of equality is not correlated with the level of quality.
N11: For a more complete appreciation of this observation, I suggest reading my previous article on the subject ("The fallacy of equality," Blog Momergil, 2017, available at <https://www.momergil.com/2017/10/the-fallacy-of-equality.html>). Here it is worth noting that the same logical flaw is present in their parallel versions: just as it is non sequitur to affirm a qualitatively positive or superior state based on equality, it is also so based on inequality ("it is unequal, therefore it is good or better" ), the same is true for its opposite ("it is unequal, therefore it is bad or worse").
N12: As this passage is dealing with logical failures, I didn't think it necessary to mention all the possible ways an argument can fail in its purpose, hence the "if" instead of "only if".
N13: Because of this, a good part of the philosophical works contain analyzes of other people's arguments looking for some of these problems and that are used as a motivation for rejecting those when they are found.
N14: In this argument, I am simply stating that just as we should not accept (believe in) logically flawed arguments, so we should not accept some package of ideas that asserts such an argument, this being the case with leftism. However, it is perhaps possible to derive an even stronger criticism based on this observation of the presence of a logical fallacy in this ideology: that of its impossible viability and consequent inevitable irrational belief. What would be observed here is that logically incoherent expressions are not only untrue but also impossible to be true. For example, the proposition "Michael Jackson was born in Brazil" is logically, metaphysically, and nomologically possibly correct, but factually false since it is a historical fact that he was born in the United States. On the other hand, the statements "yesterday I drew a circle-square" and "my sister is a married-bachelor" are not only false but impossible to be true as they express contradictory concepts ("circle-square" and "married-bachelor"). On the other hand, when an argument is logically deficient in such a way that its conclusion does not logically follow from the premises, this logical flaw differs from that of the aforementioned statements: there is not an incoherent statement, but a reasoning, a set of statements that are not logically connected to each other. Here it could be proposed that the situation changes if an argument is transformed into a proposition that affirms it, as in "it is true that "people should consume natural products because they are good because they are natural"". In this case, the logical inconsistency would be transferred to the proposition, making it necessarily false, equivalent to the two previous cases. Expressing this in the semantics of possible worlds: just as there is no possible world in which "my sister is a married-bachelor", this being an incoherent statement, there is no possible world in which "it is true that "people should consume natural products because they are good for being natural"". If this observation is correct, then it will pose a problem for the leftist ideology that asserts the fallacy of equality as if defending that it does, for, in this case, it is as if such ideology were asserting something analogous to "yesterday I drew a circle-square", implying that there is no possible world in which it is correct. Consequently, the adoption of leftism could be even more unfortunate than the two defeaters presented in this article propose: when someone believes in a possible but untrue thesis (such as "Michael Jackson was born in Brazil"), it can be understood that he is just misguided or perhaps misinformed. On the other hand, to believe that "my sister is a married-bachelor", a logically impossible statement to be true, is not some simple informational misconception, but entirely irrational, impossible to be rationally believed. Thus, if it follows that affirming in thesis a logically invalid reasoning is equivalent to expressing a contradictory affirmation such as those of the given examples, also being consequently impossible for such a thesis to be true, believing in it and henceforth in packages of ideas that essentially affirm them will be completely irrational, and that would be the case for leftism and its equality fallacy.
N15: I imagine that some Christians may not approve of this parallel due to Alvin Plantinga's theses about belief in God as properly basic, concluding that I was unfortunate in choosing it. However, I note that what I said concerns the abandonment of faith in the face of a "refutation" of the existence of God and not an apparent refutation. In other words, I agree that a believer who has the witness of the Holy Spirit testifying to the veracity of his Christian belief can continue to rationally believe his faith even in the face of an atheist argument that seems persuasive to his analysis. In this case, the testimony assures him that this argument is somehow wrong despite appearances, and he would realize this if he had only been better able to carry out his assessment. However, if an argument for the non-existence of God were to be made that was not only apparently persuasive but conclusive (factual premises and correct structure), then I understand that a believer should abandon his faith by rejecting what he has hitherto interpreted to be the witness of the Holy Spirit. Naturally, those who believe they have such testimony can rest in the certainty that such an argument will never be conceived, but if it were, apostasy would be the rational act to be exercised.
N16: Although it may be necessary to review the motivations used as support for the defense of these causes. For example, if until then the fight against racism was justified from an egalitarian point of view, now another justification should be used, such as, for example, that it is based on erroneous findings regarding the supposed qualitative differences between races/ethnicities.
N17: A more complete version would be:

A1.1: A package of ideas contains statements essential to its truth/correctness.
A1.2: A package of ideas will only be true/correct if and only if all of its essential statements are true/correct.
A1.3: Consequently, if a statement essential to a package of ideas is false/incorrect, then that package is false/incorrect.
A1.4: One idea is that "equality or more implies a qualitatively positive/higher state".
A1.5: Leftism is a package of ideas that essentially affirms 4.
A1.6: 4 is false.
A1.7: So leftism is a false/incorrect package of ideas (A1.3 in A1.5 and in A1.6).
A1.8: False/incorrect idea packages should not be believed/accepted.
A1.9: Therefore, one should not believe in/accept leftism.

N18: A more complete version would be:

A2.1: A package of ideas contains essential ideas (theses).
A2.2: One or more of these theses can assert an argument.
A2.3: If an argument expressed essentially by a package of ideas is rationally unacceptable (it should not be believed or defended), then the package of ideas that affirms it is rationally unacceptable.
A2.4: A logically deficient argument is rationally unacceptable.
A2.5: Therefore, if a package of ideas asserts a logically deficient argument, that package is rationally unacceptable.
A2.6: Leftism is a package of ideas that essentially asserts that "if the world were equal or more equal, then the world would be good or better".
A2.7: The argument in A2.6 is logically deficient (fallacy of equality).
A2.8: So leftism is a package of ideas that essentially asserts a logically deficient argument.
A2.9: So leftism is a rationally unacceptable package of ideas (should not be believed or defended) (A2.8 in A2.5).

N19: It is worth noting that it is usual for leftists to call themselves "progressives", something that adds up as evidence that the mentality of most or all of them is that their ideas aim at a better world. For further reading, I suggest: W. Wesley McDonald, "Left Wing", Encyclopedia.com, 2018, available at <https://www.encyclopedia.com/social-sciences-and-law/political-science-and-government/military-affairs-nonnaval/left-wing> and accessed on 07 May 2022.
N20: A "straw man" attack is an informal fallacy that consists of criticizing an inaccurate and generally watered-down version of an argument, thesis, or idea. For more information, I suggest Kevin deLaplante's video lesson, "The "Straw Man" fallacy", 2009, available at <https://www.youtube.com/watch?v=v5vzCmURh7o> and accessed on 07 May 2022.
N21: At least if all else is equal, which seems to be a condition always assumed in leftist defenses.
N22: In other words, the criticism of this article would be an ignoratio elenchi in relation to the "real meaning" of the leftist vision: its points may even be valid, but since leftism would not treat inequality as distance between parties, then they would be useless to refute this ideology.
N23: If there was no concern with distance, but only with the evil of poverty within a desire for the enrichment of the poor, it would suffice to say that "the poor are getting poorer". In fact, it only makes sense to point to the enrichment of the rich alongside the impoverishment of the poor without concern for distance if the mention of the former served only to point to the existence of a favorable economic situation, i.e., to point out that the impoverishment of the poor it would not be due to some crisis that would eventually hit everyone, but due to another cause that is specifically affecting them. Considering that such an observation would be, so to speak, purely technical, the fact that such manifestations are usually associated with expressions of indignation demonstrates that this is not the case.
N24: It is plausible to think that if leftism were not concerned with the distance between the best and worst in a society, but only with improving the lives of the latter in order to make them equal to the former, then its advocates would not emphasize measures that involve distance, such as taxation of large fortunes, but those that have been shown to be effective in improving the quality of life of the less favored, regardless of positive implications for the favored. And this is precisely the opposite of what happens. A classic example revolves around capitalism: as science points out, this economic system has been very good at improving the quality of life of the poor since the beginning of its implementation, but it has brought with it the enrichment of many. For someone unconcerned with distance, but only with improving the quality of life for the poor, capitalism would be something to be adopted and defended. However, it is precisely the left that has turned against it the most.
N25: For another example of a leftist demonstration that is clearly concerned with inequality in terms of distance, I suggest reading Edison Veiga's article, "Desigualdade social, o maior problema do Brasil", DW, 2022, available at <https://www.dw.com/pt-br/desigualdade-social-o-maior-problema-do-brasil/a-60315722> and accessed on 07 May 2022.
N26: In fact, equating leftism's "search for equality" with "the defense of improving the quality of life of the disadvantaged, regardless of their distance from the more favored" would incur in treating the left as those who possess the "monopoly of love for the disadvantaged" . Such an equation could only be correct if other visions such as liberalism did not have the same intention. Insofar as this is known to be wrong (as any check in non-leftist literature reveals), it does not follow that there is a monopoly on the desire for an improvement in the quality of life (disassociated from distance) in leftism. That is, the same is not about this, which refutes the interpretation present in this criticism.
N27: A reference to the great-making properties of a being as Alvin Plantinga uses in his ontological argument for the existence of God. The idea of applying such properties to the social context ("maximalism") as a way of conceptualizing a Christian view of politics will be presented in greater detail in future work.

References
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R20: Based on different materials that deal with the characteristics of a good argument (validity, soundness, etc.). Examples are the video classes by Kevin deLaplante on critical thinking, specialized sites like Fallacy Files, and articles by William L. Craig such as:  "In Defense of the Kalam Cosmological Argument", Faith and Philosophy, 1997, available at <https://www.reasonablefaith.org/writings/scholarly-writings/the-existence-of-god/in-defense-of-the-kalam-cosmological-argument> and accessed on 08 May 2022.
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